Antes de responder a pergunta acima vamos conhecer um pouquinho mais sobre esse inseto fascinante e iluminado.
Bem, o vaga-lume é um inseto coleóptero, ou seja, um tipo de besouro. Com hábitos noturnos possui órgãos especiais produtores de luz na parte inferior do abdômen. As emissões luminosas são chamadas de bioluminescência e acontecem devido a uma reação bioquímica que libera muita energia.
Esse processo é chamado de "oxidação biológica" permitindo que a energia química seja convertida em 95% de luz e apenas 5% de calor, por isso é chamada de luz fria. Mas, apenas algumas espécies possuem bioluminescência, por isso os vaga-lumes que não emitem luz geralmente possuem hábitos diurnos. Como o tecido que emite luz esta ligado a traqueia e ao cérebro, o inseto tem total controle sobre a luz. As cores das luzes podem variar de acordo com a espécie do vaga-lume, pois estes apresentam pequenas variações nos compostos presentes nas reações químicas.
As luzes são utilizadas para chamar a atenção do sexo oposto. Como todo bom besouro, os vagalumes apresentam metamorfose completa, ou seja, após o acasalamento, as fêmeas põem ovos, que geram larvas. Essas larvas vão crescendo, trocando várias vezes de pele antes de se transformarem em pupas. E finalmente, ocorre a metamorfose final, surgindo os vagalumes. Podem viver de 1 a 3 anos. Uma curiosidade é que as larvas destes besouros também são capazes de emitir luz atraindo outros insetos que lhes servem de alimento.
Mas, além de auxiliar na reprodução as emissões luminosas são grandes aliadas na defesa desse besouro iluminado. Agora imagine a seguinte situação, um louva-a-deus rondando um pequeno vaga-lume “apagado”. Este não teria chance de fugir. Mas, quando ele acende sua “lanterna”, assustando esse predador que foge em disparada. Legal, né!?
Pois é, sempre gostei muito de insetos lembro que quando criança ficava encantada com a anatomia dos grilos, das moscas, com a beleza das borboletas e joaninhas. Mas, sem dúvidas o inseto que mais me intrigava e fascinava era o vaga-lume. Afinal, como ele poderia emitir luz sem estar ligado na tomada? Parecia uma lâmpada de natal piscando, às vezes na cor laranja, outras vezes na cor verde. Porém, aos poucos eles foram desaparecendo e já faz alguns anos que nunca mais avistei vaga-lumes na região norte de Porto Alegre onde moro. O que estaria acontecendo?
Pois bem, pesquisando a respeito descobri que os vaga-lumes estão ameaçados tanto no hemisfério sul como no norte. Talvez a forte iluminação das cidades seja uma das ameaças, pois quando entra em contato com essa forte iluminação, sua bioluminescência é anulada interferindo fortemente na reprodução, ou seja, o número de ovos que geram as futuras larvas está cada vez menor. Mas, o mais triste é que estes insetos podem acabar sendo extintos.
O museu de Boston, juntamente com pesquisadores da Tufts University, está executando o Firefly Watch, projeto de 10 anos (atualmente em seu terceiro ano), em que voluntários podem observar vaga-lumes em seus quintais e enviar os dados para o site Firefly.org onde os cientistas podem usá-los para a pesquisa de tendências da população.
Se você quiser também pode ajudar entrando no site. Você vai gastar apenas 10 minutos por semana para a coleta de dados, como a temperatura externa, o número de vaga-lumes observados (mesmo que esse número seja zero), as condições de iluminação local (poluição luminosa é uma possível causa de declínios das espécies), e o tempo da observação. Inclusive nesse site você vai encontrar dicas de como tornar seu jardim mais hospitaleiro para esses seres piscantes.
Mas voltando a pergunta inicial: Quando Foi a Última Vez que Você Viu um Vaga-lume?
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